Seca na Venezuela faz ressurgir vilarejo inundado em 1984


O ressurgimento das ruínas de Potosí, um vilarejo no oeste da Venezuela inundado há 26 anos para a construção de um complexo hidrelétrico, se tornou um caso emblemático da seca que assola o país.

A estiagem levou o governo do presidente Hugo Chávez a decretar estado de emergência elétrica e a aplicar multas aos venezuelanos que não economizarem água e energia.
A diminuição de 30 metros no nível das águas da represa que abastece o complexo hidrelétrico trouxe à tona parte da igreja, construção de 25 metros de altura e símbolo de Potosí - que fica no Estado de Táchira.

Restos do que um dia foram a prefeitura, a prisão, o cemitério, a praça central e o pilar que sustentava o busto de um dos heróis da independência venezuelana também resistiram à inundação e reapareceram com a seca na região.

"Nunca tínhamos enfrentado algo parecido. Estamos em uma situação crítica", afirmou à BBC Brasil Juan Bautista Barilla, presidente do complexo hidrelétrico Uribante Caparo, o segundo mais importante do país, que teve a geração de energia severamente afetada pela escassez de água.

Segundo Barilla, mesmo nos períodos mais graves de seca, a igreja nunca esteve absolutamente descoberta como ocorre neste ano.

Reencontro
Ex-moradora de Potosí, Josefa Garcia Rojas, de 84 anos, disse que "criou coragem" e decidiu "reencontrar" Potosí. Ela regressou na última semana ao vilarejo pela primeira vez desde que acatou a ordem de despejo, na época da inundação.
"Voltar me dá alegria, mas dá tristeza de ver a situação em que está", afirmou Josefa à BBC Brasil. "Isso aqui era muito bonito. Não sofríamos por comida, por nada."
Na zona próxima à barragem, a terra rachada e ramos de árvores secas se assemelham ao cenário de época de estiagem no sertão nordestino. Somente ao redor da igreja e da praça, a grama verde sobrevive, contrastando com o resto da paisagem.
Emocionada, Josefa - que era filha da parteira de Potosí - conta que nasceu, casou e criou suas duas filhas ali. Se dedicava à costura, cuidava de um pequeno armazém e ajudava o padre na igreja. Seu marido era o enfermeiro do lugar.
Josefa Garcia Rojas (Foto: Claudia Jardim)
Josefa Garcia Rojas voltou a Potosí pela primeira vez desde inundação
"Agora a gente se admira depois de ver isso cheio de água voltar a ficar seco assim", afirma.

Em 1984, cerca de mil pessoas tiveram que deixar Potosí, centro agrícola da região de Táchira, para dar lugar à construção da represa que abastece o complexo hidrelétrico Uribante Caparo (Desurca).
NOTICIA COMPLETA: BBC BRASIL 


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